Uma dessas noites
Não me lembro do nome do bar, nem em que dia foi, mas sei quem me levou lá para ser supreendido. O H. tocou, reggae ao que parece mas na verdade não interessa, e tudo nele apagou a envolvente. Tipo luz muito forte? Não, mais como a perspectiva a 250 km horários, mais como uma fotografia de uma estrada ladeada de árvores com o obturador muito lento. De vez em quando lá se vislumbrava o percussionista mas os seus solos sabiam a saudade, a uma melancolia do que poderiam ter sido se acompanhados por aquele frenesim. O H. tem uma vida, pelo que dizem, banal para o depressiva, meio perdida meio auto-vitimizada; talvez seja verdade mas naquela noite o que eu vi foi o extremo oposto à condição estaminal, vi o que pode ser descobrir um dom e concretizá-lo, vi o que a minha inépcia não consegue descrever e o que a minha existência inveja. Daí a minha pergunta.
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