Wednesday, April 12, 2006

Ah, se eu soubesse poesiar

...
Schlunk, Schlunk, luz forte, decifrar, apreciar

Saia amarela que hipnotiza,
e os filhotes dos outros a seus pés
num enquadramento finito, pequeno,
cabe lá tudo, até mesmo o seu
farto sorriso e os olhos tristes
e o desdentado riso das crianças.

Trata os filhos dos outros
e sabe que não são dela
e sabe que lhes pertence.
E nos seus olhos vemos,
sabe também que o tempo
que aí vem é de abandono,
de nada ter, de desaparecer.

Vai correndo então
sem fugir do tempo,
atrás dos seus filhos,
sorrindo, brincando,
fantasma sem nome
nos já retornados
diapositivos
que a mostram cada
vez menos menor que
a sua, tão sua,
saia amarela.

Schlunk, Schlunk, luz forte, decifrar, apreciar
...

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